“Melhor que aquele que conquista cidades é aquele que se
conquista a si mesmo”, provérbio de Salomão, é uma imagem de perseverança,
qualidade fundamental para quem estabelece metas, considerando que a mais
difícil de alcançar é a nossa própria identidade.
Os trabalhos de Lúcia Maia, nesta exposição, reflectem o
valor que atribui à perseverança e à afirmação de uma identidade.
Os temas abordados são elucidativos deste subconsciente
temático: a liberdade, João Paulo II, Mandela, Zeca Afonso, Manuel de Oliveira
são personalidades com identidades fortes facilmente identificáveis por todos
nós … Os “estados de alma” remetem inclusivamente para uma entidade, autónoma
da persona, com vida própria, a Alma.As personalidades e até os sucessos desportivos são utilizadas como indicadores de atitudes perseverantes fundamentais para atingir objectivos não apenas materiais mas igualmente espirituais. Esta demanda mística acontece num mundo caótico em profunda transformação de onde se espera surja “uma nova vida”, “outra dimensão”, como é anunciado no trabalho XXVII dos “estados de alma”.
As técnicas utilizadas são diversas, como aliás acontece ao longo de toda a sua carreira. As aguarelas utilizam-se para transmitir uma interpretação mais poética e diáfana, as assemblagens para um estado geral dinâmico, realista, cru, dos acontecimentos e vidas. Nos “estados de alma”, onde se cruzam emoções diversas, recorre naturalmente a todo o tipo de materiais.
O resultado é uma excelente exposição que a Galeria Santa Clara tem o prazer de oferecer.
Olga Maia Seco
Directora da Galeria Santa Clara
Setembro 2012