A todos os fãs das mochilas, pela reabilitação das mochilas, JÁ!

Procusto era (é?) uma criatura mitológica que tinha a paranóia da normalização, portanto absolutamente actual...

Recebia as pessoas na sua casa oferecendo-lhes dormida. Quando estavam deitadas acertava-as. Se eram maiores que a cama, cortava o excedente, se eram mais pequenas esticava-as.

O que vos quero contar relaciona-se com isto e passou-se ontem no Centro de Arte Contemporânea da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

Comprei o bilhete para ver a exposição dos 70 anos e dirigi-me para a entrada da zona de exposição para mostrar o bilhete:

- “Não pode entrar de mochila”, disse o rapaz, muito imberbe, fininho e bastante comprido.
- “Mas a minha mochila é a minha carteira!” respondi eu, espantada.
- “Mostre lá”.
Virei-me de lado para ele ver, porque a mochila estava pendurada num dos ombros.
- “É grande.” Disse o puto fininho e imberbe. O outro, muito mais baixinho, não negou. Não se pode desautorizar o colega…
- “mas eu posso mostrar o que lá está dentro”. Disse eu, a pensar que o problema seria as bombas…
- “Não interessa, é grande. Não pode entrar.”

Fiz reclamação junto da “superior”, que estava num balcão à entrada a vender bilhetes. Pareceu-me divertida com a minha chatice!

Claro que não vi a exposição, até porque não há onde guardar as mochilas...

Qual será o problema das mochilas?! Deve ser grave porque a paranóia até é importada…pensei eu.

Mas tenho uma proposta de resolução do problema que poderá, até, exportar-se!
Estamos já a imaginar Portugal a contribuir para minimizar os efeitos de uma paranóia que afecta tanta gente, globalmente... não estamos?

tchan, tchan, ttchannnn...

... definir uma medida, como nos aeroportos para as malas de cabine… 30x40x60...

... depois, colocar à entrada dos sítios uma estrutura onde se colocavam as mochilas (e as carteiras, para não discriminar) para aferir o tamanho. Se coubesse, muito bem, entrava. Se não coubesse, não entrava.

Não acham brilhante?! Não seria fantástico?

De facto ficar sujeito a que cada diligente “segurança” faça de Procusto é uma verdadeira chatice.

Digam lá agora, vocês, poucos, que me estão a ler, se acham a minha mochila tão grande assim?!



Luís Claro